sexta-feira, 17 de julho de 2009

Ao fazer balanço do semestre, Sarney diz que a injustiça deve ser combatida 'com o silêncio, a paciência e o tempo'

Por hoje não ia mais postar nada, mas esse discurso não pode faltar para os meus leitores. Segue o discurso do Presidente do Senado José Sarney, onde ele diz que depois de análise chegou a conclusão que está sendo perseguido. Vale lembrar que esse discurso foi realizado com o plenário quase vazio e ele recorreu até a filósofo romano para ver se convence alguém.

Desgastado após sucessivos escândalos , o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), fez, na manhã desta sexta-feira, véspera do recesso parlamentar, um balanço das atividades legislativas do semestre e deixou claro que não está disposto a abrir mão do cargo. Diante de um plenário esvaziado, o senador voltou a se defender das denúncias, lamentou que a crise política do Senado tenha se personificado em sua figura e acusou o jornal "O Estado de S. Paulo" de ter feito uma campanha pessoal contra ele. ( Ouça trecho do discurso de Sarney )
- Os desafios, a carga de trabaho, os insultos, as ameaças não me amedrontam - afirmou.
" Séneca dizia que a injustiça somente pode ser combatida com três ações: o silêncio, a paciência e o tempo "
Para dizer que estava sendo vítima de uma injustiça, recorreu às palavras do filósofo romano Lucius Aneu Séneca.
- Séneca dizia que a injustiça somente pode ser combatida com três ações: o silêncio, a paciência e o tempo - disse o senador.
( Leia mais: Nora de Sarney também é indiciada pela PF )
E fez um desabafo:
- Mostrando objetivos políticos e pessoais, esqueceram o Senado para invadir minha vida privada e a de minha família.
" Mostrando objetivos políticos e pessoais, esqueceram o Senado para invadir minha vida privada e a de minha família "
Durante o discurso, Sarney lamentou ainda a perda do apoio do DEM , partido que após apoiar sua candidatura à presidência da Casa, chegou a pedir seu afastamento do cargo. ( Leia mais: Tucano vai pedir nova investigação contra Sarney no Conselho de Ética )
- Infelizmente disputas políticas se confundiram com a administração. Lamento ter perdido o apoio do DEM, um dos partidos que apoiou a minha candidatura e poderia contribuir ainda muito; embora em todos os momentos nosso trabalho tenha sido compartilhado com o seu representante, o senador Heráclito Fortes, companheiro leal e decisivo, que tem dado uma grande contribuição aos trabalhos desta Casa - afirmou.
Sarney admitiu que avaliou mal o desafio ao aceitar assumir a presidência do Senado. Disse que só disputou porque foi convocado.
- Todos sabem que em janeiro deste ano, mais uma vez eu não deseja, não queria disputar a presidência do Senado. Fui convocado. Aceitei para servir ao Senado e para servir ao país.
" Foi um semestre de intenso trabalho legislativo, que conseguimos realizar apesar das medidas provisórias e da crise política que se personificou em mim "
O senador enumerou 40 medidas tomadas por ele no primeiro semestre. Entre elas, a redução de 10% nas despesas gerais da Casa, um corte de 30% nos gastos com passagens aéreas e o fim de 300 ramais de telefones. Sarney disse ainda que deu mais transparência ao Senado com a publicação na internet de informações sobre os gastos dos parlamentares com a verba indenizatória.
- Implantei neste período um portal de transparência que revela as nossas entranhas. Não temos o que esconder, mas o que mostrar. Vamos reduzir não só as nossas despesas, mas os nossos efetivos. Mostrar para as instituições brasileiras o exemplo de uma modernização efetiva.
Segundo ele, apesar da crise política, o Senado encerra o semestre com a pauta totalmente esgotada. Entre as proposições examinadas em plenário, o senador destacou a votação de duas emendas, 15 medidas provisórias e 64 indicações de nomes de autoridades para cargos no Executivo e para embaixadas. ( Leia mais: Estudantes entram no Senado e fazem manifestação 'Fora Sarney' )
O senador destacou ainda o projeto que modifica a legislação de combate ao crime, a divulgação de gastos públicos na internet e a criação de 230 varas federais da Justiça.
- Foi um semestre de intenso trabalho legislativo, que conseguimos realizar apesar das medidas provisórias e da crise política que se personificou em mim. Jamais pratiquei qualquer ato que não se amparasse na ética e na lei - afirmou. Cristovam pede a Sarney que envie balanço a Lula

Durante a sessão, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) sugeriu a Sarney que envie ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva o documento com o balanço das atividades legislativas. Segundo ele, trata-se de um ato importante diante da declaração de Lula, que chamou os senadores da oposição de pizzaiolos . ( Leia mais: Popularidade elevada contribui para declarações polêmicas de Lula, dizem especialistas )
- Creio que alguém precisa dizer a Lula que ele não pode dizer assim sobre o Congresso. E creio que ninguém melhor do que o presidente do Congresso para fazê-lo - disse.
Em resposta a Cristovam, Sarney disse que mandará uma cópia do relatório ao presidente Lula e que, logo que estiver com ele, repassará as preocupações do senador. Tucano pede a Sarney que presidente do Conselho seja imparcial

Já o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) sugeriu que Sarney faça um apelo ao presidente do Conselho de Ética, Paulo Duque (PMDB-RJ), aliado do líder do PMDB, Renan Calheiros (PMDB-AL), para que tenha uma postura imparcial diante dos processos.
Na véspera, Paulo Duque chegou a dizer que não está preocupado com a opinião pública porque ela "flutua".
- Um apelo para que ele não se antecipe, não julgue previamente, seja isento e cumpra o regimento (do Senado). Para que ele possa julgá-lo da forma transparente e imparcial, como exige a sociedade - disse o tucano.
Sarney encontrou apoio em apenas um discurso: o do senador Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC).
- Nem a opinião pública nem a opinião publicada fará com que, nos bons e nos maus momentos, eu me afaste desse compromisso espontâneo que temos de amizade - declarou.
Enquanto isso, o senador Roberto Cavalcanti (PR-PB) fez, em plenário, um pedido inusitado: para que a Casa troque os carros oficiais dos senadores.
- Eles têm apresentado problemas - justificou.

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